Pesquisar este blog

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

sábado, 16 de agosto de 2014

Assim era eu



Foi em uma noite muito escura no dia 11 de setembro de 1950.

Uma casa muito pobre, um colchão de palha em cima de um estrado
e uma lamparina de querosene.
Presentes minha mãe e a parteira Marciana.
Eu vim ao mundo, causando terríveis dores na minha mãe, mas devo ter sido logo perdoada. 
Eu vislumbrava aquela mínima claridade através das pálpebras coladas. 
Sim, antes a gente nascia com os olhos fechados, colados mesmo.
Chorei muito, gritei, senti frio, não gostei, tive medo e quis voltar.
Infância na roça, brinquedos que eu mesma fazia, curral com boizinhos feitos de chuchu com perninhas de graveto, casinha coberta com folha de bananeira, brigas com os irmãos, palmadas dos meus pais.
Cresci assim, uma infância sem muitos atrativos , sem nenhuma escolha, uma infância mais ou menos feliz.
Ninguém nunca é feliz totalmente, mas eu conseguia de algum modo encontrar alegria nas pequenas coisas. Subir em arvores e fingir que morava lá, jogar bola de gude, pular corda que era apenas um cipó, muitas coisas que uma criança que mora na roça consegue fazer para se divertir.
Uma fugida no riacho pra catar pedrinhas, molhar um pouco e correr o risco de apanhar do meu pai.
Eita palmada que doía, eita mão pesada, cada palmada e eu era levada três passos pra frente, a menos que ele me segurasse para bater mais sem precisar andar atras de mim.
Assim era eu.
Um dia me excedi, saí escondido e fui brincar sozinha  no moinho de milho, um lugar onde só se podia ir com meu pai. Era perigoso, mas  como era bom! Aquela água batendo forte no meu corpo depois de empurrar a roda do moinho e esmagar o milho. Mas apesar do barulho da água, ouvi o grito do meu pai, ele me chamava furioso. 
Não, desta vez não seria palmada nem chinelada, este tempo já havia passado eu já tinha crescido, e pela raiva que senti no grito a surra seria de vara. 
Eu fugi, não voltaria para casa de jeito nenhum, corri pelo mato adentro sem me preocupar em ser arranhada pelas plantas. Escondi muito bem escondida e lá fiquei.
Não sei quanto tempo se passou, só sei que o medo que eu sentia do meu pai crescia e era maior que o  medo que eu sentia de ficar sozinha no mato.
Mas a escuridão foi chegando, caminhando na pontinha dos pés e de repente eu não via mais nada e passei a ter medo da noite escura no meio do mato. 
Eu estava suja, molhada, arranhada e cheia de picadas de mosquito.
 As estrelas me olhavam lá do alto e pareciam rir de mim. 
Junto com a noite chegou também a fome. E o tempo passava e o medo aumentava. 
Chorei, chorei muito, e comecei a pensar  que a surra de vara teria sido melhor... Ouvi barulho no mato, meu coração parou algumas batidas; que medo meu Deus... Percebi uma pequena claridade. Era meu irmão e a lamparina para me resgatar. Que alívio, eu até tentei  sorrir mas o sorriso escorregou da minha boca e caiu no chão. 
Eu ia pra casa e levaria uma surra de vara.
Cheguei em casa suja, toda machucada e morrendo de fome. Estava um trapo.
Meu pai esperava na porta com uma lamparina na mão. Me encarou por algum tempo cheio de raiva. Não me bateu, mas eu tenho certeza de que ouvi seu pensamento. " EU NÃO FARIA MELHOR QUE ISSO..."
Assim era meu pai.

Autora: Neide Oliveira.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O Vendedor de enciclopédia.

Era uma pequena chácara, simples confortável, e ali morava Sandra.
Um lindo jardim separava a varanda da estradinha de terra, que levava até a estrada asfaltada.
Sandra lia um um livro na varanda quando de repente apareceu aquele vendedor com sua malinha bastante surrada.
Ele pede pra falar com sua mãe, quer vender enciclopédia. Aimeudeusdoceu, pensa Sandra, vendedor de enciclopédia, é um saco, é tão insistente...
Mas como uma garota educada ela oferece uma cadeira e diz a ele para esperar. Sua mãe deve vir até a varanda logo, são quase seis horas e ela vem até a varanda exatamente as seis horas.
Ele curioso pergunta: desculpe, mas porque exatamente as seis horas sua mãe vem  até a varanda?
Sabe o que é senhor, ha 3 anos atraz o meu pai faleceu, foi um acidente, ele sempre estacionava o carro no acostamento da estrada de asfalto e vinha andando para casa, a estrada não é muito movimentada e era mais fácil deixar o carro lá. Um dia quando ele acabou de estacionar veio um caminhão desgovernado e esmagou o carro do meu pai, ele nem teve tempo de ver o que estava acontecendo. Morreu na hora, pobre papai.
O homem ficou consternado com a triste história mas continuou sem entender porque a mãe de Sandra viria até a varanda as seis horas exatamente. 
Mas Sandra continuou seu relato. Meu pai chegava todos os dias na mesma hora, seis horas, minha mãe nunca se recuperou desse trauma sofreu tanto coitadinha. Naquele dia meu pai tinha ido para o trabalho com uma calça  preta e um casaco branco, e a minha mãe jura que o vê chegar todos os dias por aquela estrada de terra que ele sempre vinha, exatamente as seis horas.
Neste momento a mãe de Sandra chegou na varanda com os olhos fixos na estradinha de terra, e sorriu,  o vendedor de enciclopédia seguiu seu olhar e o que ele viu o deixou sem cor.  Um homem vestindo calça preta e casaco branco se aproximava com ar cansado mas sorrindo para a mãe de Sandra. O vendedor  de enciclopédia ficou apavorado e saiu em disparada como se fugisse de mil demonios. O homem se aproximou beijou a esposa  a filha e perguntou:
Quem é aquele sujeito que saiu em disparada assim que me viu chegar?
Sandra respondeu: Ele queria apenas uma informação,  mas parece que se lembrou de um compromisso urgente...

Autora Neide.

domingo, 12 de maio de 2013

Primeiro Aniversário da minha netinha Isabela Bastos Lima.


Isabela em seu primeiro aniversário. 




































Eu dsfilando no aniversário da Isabela.